Por Anny Freire
Com quase uma década de atuação, o Projeto Cine Social Emescam se consolida como uma das iniciativas mais significativas de extensão universitária da instituição. Desenvolvido pelo curso de Serviço Social da Emescam, o projeto utiliza o cinema como ferramenta educativa e transformadora, promovendo debates sobre temas sociais, direitos humanos e cidadania, com foco especial nos estudantes da rede pública de ensino do Espírito Santo.
A proposta surgiu a partir de um desejo da coordenação do curso de Serviço Social de ampliar o vínculo com a comunidade externa. “Identificamos a oportunidade de envolver nossos alunos da graduação em um projeto que extrapolasse os muros da faculdade, especialmente com ações voltadas aos estudantes do ensino médio. O cinema se mostrou uma ferramenta potente para isso”, explica a professora Fabricia Milanezi, uma das responsáveis pelo projeto.
Desde 2016, o Cine Social promove sessões de curtas-metragens seguidas de rodas de conversa, dinâmicas e apresentações artísticas, como músicas e poesias, que dialogam com os temas discutidos. Os encontros buscam sensibilizar os participantes para questões éticas e sociais, estimulando uma reflexão crítica e interdisciplinar da realidade.
Atualmente, o projeto é realizado em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e atende alunos da 3ª série do ensino médio inscritos no Projeto Pré-ENEM, promovido pelo Governo do Estado do Espírito Santo. A escolha dos filmes segue critérios pedagógicos e está alinhada às diretrizes da plataforma Letrus, utilizada pelo projeto.
“A arte é um elemento fundamental da existência social. O cinema, como a sétima arte, tem um papel central no processo educativo porque consegue, de maneira envolvente, abordar temas históricos, culturais e sociais que impactam diretamente o cotidiano dos jovens”, destaca Fabricia.
Entre os temas já debatidos nas sessões estão: racismo, violência contra a mulher, desigualdade salarial entre homens e mulheres, fake news, acessibilidade, envelhecimento populacional, fome e insegurança alimentar, juventude negra, saúde mental, entre outros. Os curtas são selecionados em reuniões com alunos e professores, respeitando a faixa etária do público e as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Além das exibições, os encontros são marcados por rodas de conversa conduzidas por professoras e alunos extensionistas, que também participam ativamente de toda a organização. Os estudantes da graduação colaboram na curadoria dos conteúdos, conduzem dinâmicas, elaboram atividades inspiradas no ENEM e compartilham suas experiências pessoais com os participantes do ensino médio.
“Um dos momentos mais marcantes do projeto é quando um aluno extensionista compartilha sua trajetória até a faculdade. Esses depoimentos têm o poder de inspirar os jovens, mostrar que é possível alcançar o ensino superior e transformar suas vidas”, relata Fabricia.
Ao longo dos anos, o Cine Social já alcançou milhares de estudantes da rede pública, com ações presenciais na Grande Vitória e, durante a pandemia, também em formato remoto para diversas cidades do interior. O impacto é visível: diversos participantes do projeto hoje são alunos da própria Emescam ou atuam em iniciativas semelhantes, multiplicando o conhecimento e os valores aprendidos.
“O projeto tem um compromisso com a formação cidadã e a defesa dos direitos humanos. Ele promove o diálogo, o respeito à diversidade e a construção coletiva de saberes. Para nós, é uma alegria imensa ver ex-participantes hoje no ensino superior, ou mesmo atuando em projetos sociais, levando adiante esse propósito”, completa a professora.
Para os próximos semestres, o Cine Social pretende expandir sua atuação, envolvendo alunos de outros cursos da Emescam e ampliando as ações com novos projetos de extensão. O objetivo é seguir fortalecendo o compromisso com a educação transformadora, equitativa e socialmente engajada.
“Mais do que um projeto de extensão, o Cine Social é um espaço de escuta, de troca e de construção coletiva. Um espaço onde acreditamos que a educação pode, sim, mudar vidas”, conclui Fabricia Milanezi.
