Por Anny Freire
Ferramenta não substitui o professor, mas pode ser um importante aliado na formação de futuros médicos
O uso da inteligência artificial (IA) na educação médica tem avançado rapidamente e, entre os recursos mais populares, o ChatGPT se destaca. Essa ferramenta de linguagem, baseada em IA, tem se mostrado útil no processo de aprendizagem, estimulando a autonomia dos estudantes e apoiando o raciocínio clínico. No entanto, seu uso deve ser criterioso e orientado, como destaca o professor Afrânio Côgo Destefani, da Emescam.
“Vejo essas ferramentas como um divisor de águas. O ChatGPT pode ser uma grande aliada — desde que a gente saiba usá-lo com sabedoria. Não substitui o professor, nem o paciente real, mas pode ser um apoio poderoso na jornada do estudante”, pontua o professor. Para ele, a IA é como um bisturi: “nas mãos certas, salva. Mal utilizado, pode ferir”.
Entre os usos mais comuns da ferramenta, Afrânio cita o resumo de artigos científicos, criação de mapas mentais, simulação de diagnósticos e elaboração de casos clínicos interativos. Essas estratégias ajudam os alunos a organizar melhor o pensamento e testar hipóteses em tempo real. “Quando usada com propósito, ela vira um companheiro de estudos — e não uma muleta”, diz.
O docente relata, ainda, que tem acompanhado experiências positivas tanto por parte dos alunos quanto dos professores. “Já vi atividades onde os próprios estudantes criam prompts clínicos, refinam perguntas e simulam atendimentos. Também vi docentes utilizando a IA para gerar questões, revisar currículos e agilizar o feedback. Estamos aprendendo a dançar com essa tecnologia”, explica.
Apesar dos benefícios, o professor destaca riscos importantes, principalmente quando a ferramenta é utilizada de maneira automática e acrítica: “O maior perigo é confiar cegamente nas respostas. Isso pode reduzir o hábito de investigar, além de provocar uma falsa sensação de compreensão. O risco não é a IA em si, mas o jeito como a gente se relaciona com ela.”
Para Afrânio, é preciso ensinar os alunos a usar a inteligência artificial com responsabilidade, promovendo a reflexão e a comparação crítica. “A IA pode ser uma provocadora de perguntas, mas nunca uma substituta do julgamento clínico. É nesse ponto que o professor se torna ainda mais essencial”, destaca.
Mesmo com os avanços tecnológicos, o professor reforça que o papel do educador é mais necessário do que nunca.
“Somos curadores de sentido num mundo cheio de informação. A IA pode ajudar, mas não substitui o olhar atento, a escuta compassiva e o desafio amoroso que só um professor pode oferecer”, afirma.
Ele mesmo usa a IA em sua rotina: para montar roteiros, revisar conteúdos e criar materiais visuais. Mas sempre com revisão humana. “Ela me apoia — mas quem ensina sou eu.”
Afrânio acredita que a formação médica deve, sim, incluir debates sobre o uso da IA: “Estamos formando médicos para um mundo digital — e isso exige consciência. Precisamos falar sobre limites, ética, viés algorítmico e dependência tecnológica. Não se trata de ensinar software, mas de formar um profissional capaz de discernir o que deve delegar à máquina e o que é intransferivelmente humano.”
Para o professor, o futuro da educação médica será híbrido: tecnológico na forma e humano no conteúdo. “Veremos currículos mais flexíveis, inteligência artificial apoiando o ensino, aprendizagem ao longo da vida e, talvez, um retorno ao que nunca deveria ter sido perdido: o encontro real entre professor e aluno”, destaca.
Mesmo diante das inovações, o que formará bons médicos continua o mesmo. “Ética, compaixão, pensamento crítico e presença. A IA veio para ficar — mas esses valores continuam sendo a base da boa medicina.”
Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luíza – Vitória – ES – 29045-402 – Tel (27) 3334-3500
© Copyright 2021 – EMESCAM – Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE VITORIA CNPJ: 28.141.190/0004-29
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checbox-analytics | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics". |
cookielawinfo-checbox-functional | 11 months | The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional". |
cookielawinfo-checbox-others | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other. |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary". |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 months | This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 months | The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data. |